Tudo começou em 2005, após de uma apresentação do espetáculo Circo de Bonecos, realizado pela Família Silva Teatro de Bonecos, na mostra cultural da Creche Bom Pastor.
Na semana seguinte à apresentação, voltamos à Creche Bom Pastor - uma instituição filantrópica que cuida em regime de internato de 50 pessoas com deficiência de características diferenciadas (autismo, paralisia cerebral e déficit cognitivo) - para visitarmos o grupo de internos que tinha assistido ao espetáculo. Perguntados se haviam gostado do espetáculo, a reação de satisfação foi unânime, com as pessoas gesticulando as cenas que haviam assistido. De uma forma intuitiva, perguntamos à Clara e Juceli internos da instituição, se teriam vontade de manipular bonecos e foi ai que acabou o nosso sossego!
A emoção foi tanta que eu e Aparecida tivemos que reorganizar as atividades desenvolvidas pela família Silva, para iniciarmos uma oficina de teatro de bonecos na Creche Bom Pastor. Mas ai surgiu o problema: o que fazer em função das especificidades dos alunos. Aí descobrimos duas grandes aliadas: a intuição e a observação. Durante três semanas, levamos alguns fantoches do acervo da Família Silva, para que o grupo pudesse experimentar a manipulação com luva e foi observado que cada participante da oficina se comportava de uma forma específica, em função da particularidade de cada um.
Na fase seguinte, iniciamos a construção de bonecos utilizando como materiais: cabaça papel e tecido, e continuamos nossa observação com atenção, cuidado e dedicação. Estas duas fases permitiram a construção do espetáculo “O Laço Cor de Rosa”, que foi encenado na mostra Cultural de 2006 na Creche Bom Pastor. Em 2007, surgiu na creche uma oportunidade para inscrever a iniciativa em uma concorrência pública para apoio a projetos sociais. Foi desta forma que surgiu, pela primeira vez, o nome do Projeto Boneco Especial, aprovado e patrocinado pela empresa MRS Logística e que teve a sua continuidade nos anos de 2008, 2009.
A experiência da creche Bom Pastor nos mostrou que o teatro de bonecos poderia ser utilizado como uma ferramenta de inclusão social deste público alvo. Começamos então a inscrever essa proposta nas leis de incentivo a cultura, como forma de viabilizar a ampliação do trabalho com outras instituições. Em 2009, formamos uma rede que trabalha com pessoas com deficiência: Creche Bom Pastor, APAE/ Ibirité, Escola estadual de educação especial doutor Amaro Neves Barreto – BH, Hospital Municipal de Belo Horizonte Odilon Berens, APAE / Tiradentes e APAE / BH.
Outro fato de extrema importância foi a parceria realizada com os grupos Aldeia (BH) e Cia de Invento (Tiradentes) que passaram a nos auxiliar no processo de gestão do Projeto Boneco Especial.
O patrocínio de empresas como a MRS Logística e Vallourec Mannesmann, no ano de 2009, possibilitou a sustentabilidade do projeto, aumentando as perspectivas de trabalho com uma nova metodologia que atua nas interfaces: cultura/ saúde / educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário