8 de mar. de 2010

APAE – Tiradentes – MG

Companhia de Inventos

Projeto Boneco Especial

APAE – Tiradentes – MG

O projeto Boneco Especial nos foi proposto pela Companhia Família Silva, com a finalidade de expandir o trabalho realizado em Belo Horizonte e estimular novas experiências com crianças, jovens e adultos portadores de deficiência.

Todo o processo teve início com o contato em duas turmas da APAE, no turno da manhã formada por jovens e adultos , e no turno da tarde por jovens e crianças. Sabíamos que a realidade de cada um, suas limitações e potencialidades se diferem muito. Principal motivo que nos fez entender que esse trabalho merece uma atenção muito especial. Outra questão colocada pela Companhia Silva era selecionar os participantes que mais tivessem capacidade de se desenvolver com o teatro de bonecos .

Na APAE de Tiradentes o grupo tem um vínculo de união muito forte e nos vimos diante de uma motivação geral, o que nos fez trabalhar com todos, todas as idades e todas as diferenças.

Como metodologia realizamos uma aula/espetáculo, onde apresentamos várias técnicas do teatro de bonecos : luva , fio, sombras, varas, a fim de motivá-los e percebemos o interesse maior por determinadas técnicas. Já trabalhamos durante vários anos com este tipo de Workshop e temos experiência com diversas classes socioculturais. Conseqüentemente ,percebemos o êxito, independente de para quem foi apresentado. A vibração foi total por todas as técnicas, nos deixando à vontade por qual caminho seguir.

Decidimos iniciar a oficina com os bonecos de luva e a partir daí conhecermos mais cada um dos alunos. Preocupamo-nos em utilizar materiais a que todos tivessem acesso, mesmo fora da APAE, pois motivados eles poderiam continuar a criação dentro de suas próprias casas. Este fator é muito importante para transpor barreiras ,sempre apresentadas dentro das próprias famílias.

Usamos garrafas pet de 500 ou 600 ml, que eles vestiam com meias. Com botões, lãs, tampinhas, bombril, fivelas e muitos outros adereços foram sendo criadas as cabeças de seus personagens. Pequenos tubos de PVC formaram os braços e as mãos foram recortadas em papelão.

Cada etapa demandou um certo tempo, embora ficássemos surpresos com a agilidade da confecção, fácil de entenderpelo fator vontade e motivação. O auxílio e cumplicidade constante dos profissionais que já trabalham na APAE foram fundamentais no sucesso desta primeira etapa.

Cabeças e braços prontos era hora de montarmos os figurinos. Com a mesma euforia os figurinos foram construídos. Chamamos sempre a atenção para que eles criassem personagens e não simples bonecos, pois existe uma grande diferença entre uma coisa e outra. O figurino representou muito na conclusão de cada personagem, ainda dando margem a complementos de adereços feitos por cada um.

A etapa seguinte: manipular e dar vida a cada boneco criado. Um desafio importante! Utilizamos um pequeno palco e deixamos que cada um criasse sua história. Podiam escolher se fariam individualmente ou em duplas. Primeiro escolher um nome para o personagem. Tivemos cenas de cantoria, aula de Yoga, programa de televisão, um Faixa Preta de Karatê. A organização e continuidade do pensamento foi um ponto no qual observamos dificuldades de desenvolvimento. Para continuarmos o trabalho em 2010, trabalharemos técnicas que os ajudem a superar estas dificuldades. A limitação motora foi outro fator observado o que nos mostrou a necessidade de adaptarmos tipos de palco, associando às técnicas de manipulação, no desenvolvimento do projeto.

Com estas experiências optamos pelo teatro de sombras para este ano. A forma bidimensional, a luz e a sombra, a manipulação das silhuetas poderá desenvolver movimentos finos e induzi-los a seguir um fio condutor de uma história organizada, com princípio, meio e fim. A introdução de cenários para as cenas ajudará a localizá-los no espaço e no tempo.

O projeto teve início no segundo semestre de 2009, contando com 40 alunos participantes, todos portadores de alguma deficiência. Dedicamos uma hora por semana para cada turma. A questão da profissionalização de alguns deles não é descartada, porém ainda é cedo para identificarmos quais teriam esta vocação.

Realizando o Boneco Especial em Tiradentes percebemos que é importante a continuidade deste projeto. O poder que um boneco exerce sobre o seu criador/manipulador muitas vezes faz inverter seus papéis.

Bernardo Rohrmann e Renata Franca

Companhia de Inventos – Teatro de Bonecos

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